sábado, 21 de setembro de 2013

I should not have let you go.



Vais partir.
Como toda a santa viv'alma que pretende crescer e construir uma vida. Vais partir. 
Mas tu nunca cá estiveste...

Eras aquela que tinha sido diferente comigo. Foste a única que me amou, que me gostou e me conheceu como eu realmente era. E foste aquela que eu não soube merecer.

Sempre te disse que a nossa viagem a dois não tinha ainda terminado, mesmo quando eu decidi deixar-te estupidamente, mas ainda hoje sem me arrepender, naquela tarde quente cuja data ainda hoje te lembras...

Regressaste há quase dois anos. Parece que foi ontem. Talvez pelas poucas vezes que te vi. Porque a tua agenda não to permitia e porque não sou, compreensivelmente, uma prioridade.

Mas sabes? Quando voltaste, viajei eu. Fui dando carvão à locomotiva e arranquei. Demorou, mas encontrei-te. Peguei-te na mão e levei-te comigo, brincámos, passeámos, recordámos! Por breves instantes...


Eu fui e tentei, mesmo com a maldita agenda social que tinhas sempre ocupada. Adaptei-me os teus horários apertados, para poder gozar momentos contigo. Para podermos viver aquilo que não tinhamos ainda vivido quando éramos meninos...

Quando me pedes naquela noite para ir ter contigo eu percebi. Mas não esperava que fosses para tão longe... Merda...

E senti-me triste porque pensei que agora, finalmente depois do verão terminar, e de todas as tuas actividades terem parado, teriamos tempo para nós. Para continuar, passo a passo, o caminho que eu interrompera...

Sabes, há uns meses disseste-me que estavas a pensar sair de casa, ficar por Lisboa. Eu cheguei a fazer planos. Cheguei a imaginar-me dividir casa contigo e que isso te faria tão feliz quanto a mim! 

Tu não percebeste. Nessa mesma noite que me informaste ir embora disseste também que não te pareci apaixonado. Tentei explicar-te que a paixão era vivida de forma diferente. Tentei demonstrar-te, desta vez em pormenores e gestos pequenos, mas concretos, que estava ao teu lado e que podíamos ter um amor quotidiano e não esporádico e cronometrado como foi antes... Tentei fazer-te sentir que mais do que paixão, um sentimento forte mas fugaz, aquilo que me prende/ia a ti era sério, duradouro.

Em vez de parvalhão, de puto engraçado, tentei ser um homem.

Dias depois dizes-me que estás chateada, de mau feitio, que os homens são todos uma merda. Não tinhas estado comigo. Não era de mim que falavas.

Afinal, fui eu que não percebi.

Não percebi que nunca te voltei a ter, mesmo que por instantes, mesmo quando nos voltámos a beijar.

Não percebi que a água nunca passa duas vezes debaixo do mesmo moínho.

 I should not have let you go, S.


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